Rio de Janeiro, 27 de abril de 2021
Pés no real e a cabeça na criação do que pode ser.
eu falo daí, e acho que a gente pode começar por aqui:
Eu decidi desenhar a partir do que existe, do que me inspira, cenários que expandem os melhores sentimentos, que resgatam memórias, e, compartilhando com você, abrem janelas pra novas histórias, encontros e sonhos.
O desenho sempre foi uma companhia, mas ao mesmo tempo a insegurança caminhava agarrando a outra mão, o que chacoalhava o caminho. Segurei a mão dos dois e decidi enveredar num mergulho, buscando calmaria, fugindo do caos e criando na medida do possível meu lugar seguro.
Mergulhar, que sensação boa, né? Como eu sou medrosa e procurando aproveitar ao máximo, fui em águas conhecidas. E em um primeiro momento achei que por conta disso ia ser mais fácil e até rápido, sairia renovada de volta pra superfície.
Na medida que foi ficando profundo, entendi que o conhecido também tem áreas para serem desvendadas. Ali se encontram as surpresas, boas e ruins. Dediquei tempo para entender esse caminho e suas descobertas. Elas cresceram em mim, tomaram espaço, chamaram atenção e pediram para emergir e por isso estou escrevendo tudo isso aqui.
Romper o silêncio da folha branca, com qual tema pintá-la? Foi a pergunta fácil do caminho, olhei pro lado, pra trás e pra frente e nesse giro vi que queria reverenciar quem permitiu meus passos: minha família. Foi de onde saltei pro mergulho.
O “como?” que foi o primeiro desafio, traduzir mil sentimentos ebulindo. As palavras ajudaram, sinônimos colocados lado a lado, emoções e sensações nomeadas. E as necessárias sínteses começaram a aparecer, simpatizei com a simples e recorrente:
“casa de” ( alegria, encantos, música, aconchego…)
Traduzir as vivências e memórias que tenho com minha família em casas de sentimentos, foi o “como” que fez sentido para mim. Ah e essa família é maravilhosamente grande, estou falando além do meu núcleo familiar (que não é pequeno) + a minha família que mora no Maranhão, que me inspira imensamente, da cidade Morros e também na ilha São Luís, os Vieira Lima.
Decidi resumir essas múltiplas casas em 6, e contarei aqui pra você sobre cada uma.
Hoje eu começo com a casa amor:
É uma casa que carrega várias outras que passei, e sempre vai existir mesmo que mude de endereço. reúne as misturas de sentimentos do crescimento, das descobertas. tem o céu pertinho porque foi cravada no planalto central, então as nuvens dançam baixo.
é onde toca muito Chico César e Marisa Monte, onde tem bandeira vermelha, onde tem um coração que pulsa vermelhinho e que inspirou outros nesse embalo todo.
Bem, nessa casa eu parti um pouco do literal pra misturar com os sentimentos, peguei a atmosfera da casa da minha mãe + estruturas reais. Tem a rosa que acompanha a gente de outra casa e depois que ela plantou direto na grama cresceu muitooo! Eu amo essa roseira, dá pra vê-la até do quarto de cima e é um pontinho de vida que sempre me faz sorrir.
Eu comecei desenhando essa casa com tinta azul e logo percebi que o vermelho fazia mais sentido pra essa história, é uma cor que acolhe melhor o pulsar.
Por querer retratar a nuvem que é bem presente no cenário brasiliense eu parti para a aquarela, e foram muitos os aprendizados, porque era uma técnica bem nova pra mim, foram muitos os testes, desenhei repetidas casinhas até entender a composição que queria. O recorrente foi sendo afinado, os 3 elementos que queria retratar: a rosa, a casa e a nuvem, compartilho um pouco dos visuais desse processo, até ela nascer:
casa amor, casa de mãe.
Nossa, desandei na tagarelice.
Agora pra fechar e inspirada nessa casa eu recomendo uma trilha pra embalar seu dia: o álbum ao vivo do Chico César - Estado de poesia.
Obrigada por ter acompanhado até aqui, esse foi um pouco do salto pro mergulho e o processo do primeiro desenho dessa série, cada uma vai ser de um jeito, essa foi assim. Espero que no meio das maluquices tenha expressado algum sentido, em breve esses desenhos também vão estar disponíveis para habitar outras casas, mas antes de tudo achei importante resgatar suas histórias.
Um dia preenchido com amor pra você!
até a próxima,
Lelê
Chorei um Paranoá inteiro. Porque felicidade me faz chorar. Amo saber que gerei uma pessoa tão sensível e maravilhosa. Amo me ver retratada por você. Amo ser referência em sua vida. Amo você, Letícia, vida minha.
As vezes a gente se encontra no caminho, com dúvida, medo, mas com amor. 💛